quinta-feira, janeiro 24, 2008

Pirataria é crime?


A pirataria pode ser eficaz na disseminação/democratização de informações. Ao ser convidado para participar da ARCO, uma feira de artes realizada em Madri/Espanha, o GIA sentiu vontade de expor essa situação de uma forma criativa, irônica, bem-humorada, porém, altamente crítica, seguindo os questionamentos: O trabalho de arte pública é gratuito, pode ser realizado por qualquer pessoa, logo, pode ser pirateado? Como adaptar um repertório efêmero, precário, à prática mercadológica? Como o trabalho do Gia pode se inserir, de uma forma crítica e contundente, na ARCO?
Enfim, é possível se apropriar dos métodos do mercado pra se disseminar idéias criativas que encorajem o público comum tanto quanto os freqüentadores do meio de arte?
O Gia quer se apropriar das tecnologias da pirataria e camelôs, com seus métodos de venda, estética e inserção, usando-os como agentes potencializadores da disseminação tecnológica proporcionada por alguns coletivos de interferências urbanas.
Por isso, o grupo resolveu piratear vídeos, textos, imagens, etc. de outros artistas e coletivos brasileiros, além dos seus próprios produtos e espalhá-los pela Espanha, no período de 4 a 17/02. O material será democratizado (vale lembrar que um dos objetivos é também fazer a divulgação dos trabalhos desses artistas e coletivos que serão pirateados...) sem fins lucrativos, logo, cada "produto" será vendido por um valor simbólico; essa ação consiste em questionar os limites e tramitações do mercado artístico mundial, sua lógica e ética de funcionamento.

Quanto aos tais valores simbólicos sabe-se só que são bem baratinhos mesmo - o suficiente pra subsistência do próprio material e equiparação com produtos piratas de lá, porém mais baratos pra acabar com a concorrência... hehe... e atrair a atenção do público desavisado através de preços de pechincha.


A venda é só um detalhe para entrarmos numa discussão e contexto do mercado.

O Gia, como grupo independente, nunca teve autorização oficial para realizar suas ações; a clandestinidade e a mobilidade pelos circuitos alternativos sempre permeou a trajetória do grupo.