Boca de urna realizada durante o segundo turno das eleições para prefeito 2008.
Não vote em candidato em sorriso amarelo!
...sobre o carrinho...
Os carrinhos de café em Salvador são pequenos trios elétricos onde a musica é a isca para atrair clientes, normalmente interessados num cafezinho (principal mercadoria do veículo), porém hoje existem aqueles que também vendem o que tocam. Alguns d nós do gia achamos que se alguém quiser conhecer a vanguarda da musica popular baiana tem q estar antenado nos carrinhos.
Analisando a questão da pirataria, e pra vanguarda no cafezinho, percebemos que a pirataria na Bahia está muito ligada ao comércio (ou será q é só uma divulgação?) da musica popular independente. Bandas da quebradeira, do forró, do arrocha, da seresta romântica, permitem que seu material seja distribuído pelo comércio informal vislumbrando o consequente infiltramento de seus hits num terreno legitimado pela aproximação de produções caras ou bem sucedidas (pelo menos no gosto da galera) que estão estendidos na mesma manta.
É bem verdade que os lucros provenientes da produção do material em cd (nesse caso esse custo fica pro pirata) não ajuda no pagamento de uns jabás bem baratinhos em programas de rádio locais.
Descobrimos que acontece coisa parecida com os piratas do Pará no apoio das aparelhagens de technobrega e melody e também na relação entre os candongueiros e os grupos e djs de kuduro e funana em angola. Por isso, pensamos na pirataria de forma um pouco mais abrangente e sabemos que o comércio informal baseado nela já ultrapassou as barreiras de simples reprodução do que já "é sucesso" e partiu para o estágio de importante meio de divulgação e lançamento de diversos grupos musicais, que se mantêm através delas, alguns até acabam ganhando espaço na grande mídia depois de fazerem sucesso nas ruas.
Por isso, o carrinho acabou sendo utilizado pelo Gia como uma forma de difundir informações, através de imagem e som, ele leva vídeos de grupos e artistas que trabalham com intervenções para as ruas, possibilitando dessa forma, trazer para o espaço público mais uma forma de discutir sua própria utilização.
Olha o link para o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=h8SzWDv9n0c&feature=player_embedded
A pirataria pode ser eficaz na disseminação/democratização de informações. Ao ser convidado para participar da ARCO, uma feira de artes realizada em Madri/Espanha, o GIA sentiu vontade de expor essa situação de uma forma criativa, irônica, bem-humorada, porém, altamente crítica, seguindo os questionamentos: O trabalho de arte pública é gratuito, pode ser realizado por qualquer pessoa, logo, pode ser pirateado? Como adaptar um repertório efêmero, precário, à prática mercadológica? Como o trabalho do Gia pode se inserir, de uma forma crítica e contundente, na ARCO?
Enfim, é possível se apropriar dos métodos do mercado pra se disseminar idéias criativas que encorajem o público comum tanto quanto os freqüentadores do meio de arte?
O Gia quer se apropriar das tecnologias da pirataria e camelôs, com seus métodos de venda, estética e inserção, usando-os como agentes potencializadores da disseminação tecnológica proporcionada por alguns coletivos de interferências urbanas.
Por isso, o grupo resolveu piratear vídeos, textos, imagens, etc. de outros artistas e coletivos brasileiros, além dos seus próprios produtos e espalhá-los pela Espanha, no período de 4 a 17/02. O material será democratizado (vale lembrar que um dos objetivos é também fazer a divulgação dos trabalhos desses artistas e coletivos que serão pirateados...) sem fins lucrativos, logo, cada "produto" será vendido por um valor simbólico; essa ação consiste em questionar os limites e tramitações do mercado artístico mundial, sua lógica e ética de funcionamento.
Quanto aos tais valores simbólicos sabe-se só que são bem baratinhos mesmo - o suficiente pra subsistência do próprio material e equiparação com produtos piratas de lá, porém mais baratos pra acabar com a concorrência... hehe... e atrair a atenção do público desavisado através de preços de pechincha.
A venda é só um detalhe para entrarmos numa discussão e contexto do mercado.
O Gia, como grupo independente, nunca teve autorização oficial para realizar suas ações; a clandestinidade e a mobilidade pelos circuitos alternativos sempre permeou a trajetória do grupo.